sexta-feira, 12 de dezembro de 2008


Passou pelas suas mãos, entre os dedos,tudo o que esperou.

Era o sorriso, o beijo,os olhos,o cheiro,o coração, que de tão junto era como um só, e que ao ver o tempo passar,sentiria ele se separar.

Sentiu então, uma mão, rasgando seu peito e o aperto da saudade de quem um dia dividiu seu coração. Foi como um prego, martelando seu interior,jorrando seus sonhos, seus planos, as lembranças que ocuparam cada milímetro da sua existência.

Vagava agora com o que lhe restou, que era só dela; Tão no seu profundo, que nenhuma mão arrancaria.

Guardou então,como um de seus tesouros,protegia-o com a alma, além do coração. Ali, ninguém ousaria lhe roubar o que tinha de melhor. Ali estavam escondidas cada lembrança do que viveu, e por isso era só o que tinha.

Quis reviver, centenas de vezes, mas só em sua mente.

Era por isso que nada lhe era mais precioso do que aquelas imagens vividas, dos seus momentos mais felizes e simples; Como num filme, se permitia parar no tempo, voltar atrás e sentir como se fosse cada vez mais vivo em sua memória. Era só dela cada segundo que viveu e guardou. Era só ela que conseguia ver e sentir tão intensamente,mesmo que sozinha,trancada em casa e em seu interior, gostava de se perder por lá.

Eram bonitas as vezes que parecia estar nos sonhos que sempre sonhava, mas que já os tivera vivido. Não lhe importava o tempo,o agora, o que estava ao seu redor, sabia que sempre que quizesse voltaria pro seu refúgio, e lá estariam seus tão preciosos momentos, esperando para serem escolhidos e revividos em seu mundo particular,lhe confortando os minutos que vive agora.

E sua outra metade do coração, que um dia foi um só, batia em outro ritmo, em outro corpo.

Dividiu com ele, todas aquelas lembranças,que guardava com tanto amor,pra não perder nenhum segundo das cenas que retornavam ao fechar os olhos.

Desejava ela que pudesse tirá-las dali, pois certas vezes as machucavam. Mas verdadeiramente, queria, em segredo, permanecer todas as horas do dia naquele lugar, que só ela controlava.

E como um raio, lhe veio o pensamento de que junto com a metade de seu coração,deixado pra trás,estavam também as mesmas lembranças.

Começou aí, a desejar que aquela outra metade batesse forte e fizesse o outro se lembrar de seus tesouros compartilhados com ele também.

Nasceu ali outra forma de divisão. Agora não mais dividiam o mesmo coração. Dividiam o que lhes aconteceu um dia, dividiam a vida.